quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Contributos das primeiras civilizações

AS CIVILIZAÇÕES DOS GRANDES RIOS

A partir do 5º milénio a.C. assistiu-se a uma nova e profunda viragem: o Homem começou a fixar-se nos vales de alguns grandes rios, onde vieram surgir as primeiras cidades, e com elas as primeiras civilizações:

Civilização do Egito, junto ao Rio Nilo
Civilização da Antiga China, junto ao Rio Amarelo
Civilização da Suméria, junto ao Rio Tigre e ao Rio Eufrates
Civilização do Vale do Indo, junto ao Rio Indo


Condições naturais
Algumas comunidades deslocaram-se para junto dos grandes rios por causa do seu regime de cheias anuais que tornavam férteis os solos das suas margens. Inicialmente, o Homem não sabia como controlar as cheias e por isso não se fixava nas proximidades dos rios. No entanto, a partir do 5º milénio a.C. as populações atreveram-se a enfrentar a força dos rios e a ocupar as suas margens.
Desbravou-se o solo, drenaram-se os pântanos, construíram-se diques para suster as águas nos meses de cheias e construíram-se canais para irrigar os campos durante os meses de seca. Todo este esforço foi recompensado com colheitas abundantes, sobretudo de cereais.


Acumulação de excedentes
O aumento da produção fez com que se produzisse mais do que se consumia, o que originou a acumulação de excedentes.
 
Progresso técnico e estratificação social
Com a acumulação de excedentes agrícolas, já não era necessário tantas pessoas se dedicarem ao trabalho agrícola, ficando libertas para outras atividades.
Surgiram os primeiros artesãos especializados: oleiros, tecelões e, mais tarde, metalurgistas. A metalurgia (técnica de fusão e tratamento de metal) permitiu o fabrico de instrumentos e de armas de metal, o que mudou profundamente o modo de vida das comunidades.
As necessidades de defesa e de organização da comunidade levou ao aparecimento de guerreiros, sacerdotes e governantes. Os chefes guerreiros, religiosos e políticos adquiriram grande poder e autoridade e começaram a exigir aos camponeses e artesãos o pagamento de tributos.
A sociedade passou então a estar dividida em estratos sociais: por um lado, os chefes guerreiros, religiosos e políticos (os que dirigiam e comandavam) e, por outro lado, os camponeses e os artesãos (os que produziam).


Trocas comerciais
A acumulação de excedentes também permitiu o aparecimento de uma nova atividade económica: o comércio, ou seja, a troca de bens (trocavam-se produtos agrícolas e artesanais).


Aparecimento das cidades
Concluindo, a acumulação de excedentes permitiu o aparecimento de novas atividades, como o artesanato, o comércio e os serviços administrativos, militares e religiosos. Estas atividades tendiam a concentrar-se em grandes aglomerados populacionais – as cidades.
Foi, portanto, nos vales fluviais que se deu a revolução urbana, que originou as bases para as primeiras civilizações.



O EGITO


Condições naturais
O Egito situa-se no nordeste de África. Fica a norte do deserto da Núbia, a este do deserto da Líbia e a oeste do deserto Arábico. Tem ainda como limites o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho.
O território é atravessado por um grande rio: o Rio Nilo. Com as suas cheias anuais, os solos das suas margens tornam-se bastante férteis e, por isso, propícios à agricultura.
É possível distinguir duas regiões:
- Alto Egito: nas terras mais a sul
- Baixo Egito: região do delta (parte terminal do rio Nilo que desaguava por vários braços para o Mar Mediterrâneo)
Estas regiões foram independentes durante séculos. Entretanto, deu-se a unificação de todo o território a cerca de 3200 a.C., pelo rei Narmer (ou Menés), tornando-se assim no primeiro faraó do Egito.


Atividades económicas
Principais atividades económicas e produtos:
Agricultura:
- Cereais (trigo e cevada)
- Linho
Artesanato:
- Ourivesaria
- Metalurgia
- Cerâmica
- Tecelagem
- Carpintaria
Comércio:
- Importava: minerais, pedras preciosas e madeira
- Exportava: cereais, objetos de cerâmica, tecidos de linho


Sociedade
A sociedade egípcia era estratificada e hierarquizada, ou seja, estava dividida em vários estratos sociais, cada um com a sua importância a nível social:

Faraó:
- Tinha poder sacralizado, pois era considerado deus vivo, filho do deus-Sol Amon-Ré
- Concentrava em si todos os poderes: era o sumo-sacerdote, juíz supremo, chefe do exército e administrador do Egito

Altos funcionários:

- Tinham funções administrativas

Sacerdotes:
- Prestavam o culto aos deuses, nos templos

Escribas:
- Desempenhavam diversos cargos, como magistrados, cobradores de impostos e contabilistas, graças aos seus conhecimentos (escrita e cálculo)

Artesãos:
- Trabalhavam nas oficinas do rei, dos templos e dos nobres

Camponeses:
- Cultivavam as terras do faraó, dos templos e dos nobres, estando ainda sujeitos a pesados impostos

Escravos:
Eram prisioneiros de guerra que se ocupavam de diversos serviços (domésticos, agrícolas, obras públicas, etc.)


Religião
O povo egípcio era politeísta, ou seja, acreditava em vários deuses.
Os deuses egípcios tinham várias formas: podiam ter forma humana, animal ou mista. Representavam forças da Natureza ou qualidades humanas.
Cada cidade ou região tinha os seus próprios deuses, mas os mais importantes eram adorados em todo o Egito. O culto a estes deuses era prestado em grandes e ricos templos.


Culto dos mortos
Os Egípcios acreditavam na vida após a morte e na reencarnação. Por isso, procedia-se à mumificação dos corpos dos mortos de forma a preservá-los para a outra vida. Depois de embalsamados, os corpos ficavam encerrados em sarcófagos que eram depois colocados em túmulos juntamente com alimentos, adornos, jóias e outros objetos de uso pessoal.
No entanto, como este processo era algo dispendioso, era apenas realizado aos faraós e alguns privilegiados. Os restantes egípcios (a maioria) eram sepultados no deserto.


Arte
A arte egípcia está muito relacionada com a religião e ao culto dos mortos.
Arquitetura
Construíram-se três tipos de sepulturas: as pirâmides (enormes túmulos reservados aos faraós), as mastabas (túmulos reservados à família dos faraós e priveligiados) e os hipogeus (túmulos escavados nas rochas, de forma a evitar roubos dos objetos lá deixados)
Os templos eram grandiosos de forma a engrandecer os deuses a que faziam culto
Escultura e pintura
Destinavam-se sobretudo à decoração de templos e túmulos
A figura humana era representada de acordo com a lei da frontalidade: a cabeça e os pés de perfil e o tronco de frente
A dimensão das figuras era de acordo com a sua categoria social


Escrita
Os Egípcios inventaram uma escrita com base em centenas de símbolos a que chamamos hieróglifos. A escrita hieroglífica era aprendida pelos escribas em escolas especiais, sendo os únicos da sociedade que sabiam ler  e escrever.


Outros saberes
Os Egípcios demonstraram desenvolvimento em alguns domínios como:
- Geometria
- Cálculo
- Medicina
- Astronomia



CONTRIBUTOS CIVILIZACIONAIS NO MEDITERRÂNEO ORIENTAL


A religião monoteísta dos Hebreus
Os Hebreus eram pastores nómadas que viviam na Mesopotâmia. Deslocaram-se para a Palestina, comandados por Abrão, e depois para o Egito, atraídos pelas suas riquezas mas onde acabaram por ser escravizados. Abandonaram então o Egito e regressaram à Palestina – a Terra Prometida – onde fundaram o Estado de Israel. Mais tarde, o país dividiu-se em dois reinos: o de Israel e o de Judá. Ao longo dos tempos, os Hebreus ainda tiveram sujeitos a outros povos, como os Assírios, os Babilónios, os Persas e os Romanos.
A originalidade dos Hebreus encontrava-se na religião, dado que acreditavam num único deus (Javé), ou seja, era um povo monoteísta. Por terem estado ao longo dos tempos sujeitos a muitas perseguições, esperavam a vinda de um Messias, o Salvador. A Bíblia, constituída pelo antigo e Novo Testamento, é o livro sagrado deste povo.
Assim, a religião monoteísta constitui o principal contributo dos Hebreus para a história da civilização.


A escrita alfabética dos Fenícios
As condições naturais da Fenícia favoreceram o aparecimento de importantes cidades junto ao litoral. Como os recursos naturais eram insuficientes, os Fenícios dedicaram-se ao artesanato e à vida mercantil e marítima.
Os Fenícios, como comerciantes, precisavam de uma escrita rápida e simples que facilitasse os seus negócios. Por isso, criaram um novo sistema de escrita – o alfabeto. Este novo sistema de escrita era composto por 22 sinais muito simples, em que cada um representava um único som.
A escrita alfabética rapidamente se expandiu e está na origem de todos os alfabetos ocidentais.
 

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